Vimos até agora durante a disciplina, que surgem cada vez mais tecnologias que estão aos poucos alterando a forma como nos comunicamos, nos relacionamos e enxergamos o mundo. E é isso que a nova exposição do CCBB discute. A FILE (Festival de linguagem eletrônica) discute nossa relação com arte e tecnologia através de instalações artísticas e interativas. Apesar das diversas instalações interessantes, ao participar de uma, percebi que seu tema era bastante relacionado ao tema estudado de expansão dos sentidos, portanto escolhi falar sobre a Be boy be girl por Frederik Duerinck, por ser a instalação mais sensorial da feira.
O que é? É uma instalação imersiva que envolve visão, audição e toque. Ela utiliza o óculos de realidade virtual, fone de ouvido, uma luz infravermelha e um ventilador. Ao iniciar a experiência, você escolhe se deseja ser homem ou mulher. Dependendo da sua escolha, a experiência terá suas diferenças. Sendo mulher, você se encontra em uma praia paradisíaca com um drink em sua mão esquerda podendo observar a paisagem a sua volta, com os sons característicos de uma praia que muda a perspectiva sonora a medida que você girar sua cabeça. Ao longo da experiência, que dura aproximadamente um minuto e meio, você tem as sensações de estar em uma praia, a lâmpada esquenta o seu corpo, simulando o calor do sol e em alguns momentos o ventilador é ligado simulando a brisa do mar, deixando ao final uma experiência agradável e até mesmo relaxante.
"O registro do material do filme 3D em 360 graus aconteceu no Havaí e foi feito com 16 câmeras sobre uma plataforma. Essa plataforma para a câmera foi colocada sobre a cabeça de diversos homens e mulheres para recriar a mesma perspectiva que nosso público terá na instalação." (fonte:https://file.org.br/highlight/file-brasilia-2017-arte-eletronica-na-epoca-disruptiva-ccbb/?lang=pt)
Por se tratar de uma exposição artística, acredito na intenção de seus criadores, porém deixarei aqui algumas melhorias consideradas a partir da minha experiência individual.
Ao ler o nome da exposição, imaginamos uma experiência que questionaríamos a visão de gênero. Apesar de termos a escolha ao iniciar, visualizamos um corpo que além de não ser nosso, pertecem a idealização de corpo do mundo contemporâneo. Pelo seu nome sugestivo, poderia trazer um questionamento sobre quem somos e como seria ser quem quiséssemos. Assim, durante a simulação, você veria seu próprio corpo e poderia fazer modificações de acordo com sua preferência, gerando assim uma reflexão acerca dos padrões de beleza e gênero.
Apesar do site oficial afirmar que além de todos os sentidos mencionados o olfato também está presente, a minha experiência não incluiu esse sentido que para mim faria grande diferença para sensação de imersão naquele ambiente. E se o objetivo seria se "sentir na pele do outro", talvez o corpo responder aos seus movimentos tornasse a experiência mais imersiva.
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